3 de abril de 2014

Imaginário

Certa vez
comprei-lhe uma camisa
amarela com pássaros pretos...


Certa noite,
desabotoei-a e fiz
todos aqueles pássaros
voarem...


Passearam pela
minha boca,
meus dedos,
minha barriga,
pousaram no meu baseado
de três da manhã
até descerem...


Desceram a saia,
a calcinha,
a pele,
a umidade,
o cheiro...


Certa vez,
eles escorregaram,
tombaram no chão,
ajoelharam aos meus pés,
mortos...


Logo,
ressuscitaram.



Natalia Iorio

Rio, abril de 2014.

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