Certa vez
comprei-lhe uma camisa
amarela com pássaros pretos...
Certa noite,
desabotoei-a e fiz
todos aqueles pássaros
voarem...
Passearam pela
minha boca,
meus dedos,
minha barriga,
pousaram no meu baseado
de três da manhã
até descerem...
Desceram a saia,
a calcinha,
a pele,
a umidade,
o cheiro...
Certa vez,
eles escorregaram,
tombaram no chão,
ajoelharam aos meus pés,
mortos...
Logo,
ressuscitaram.
Natalia Iorio
Rio, abril de 2014.
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