3 de outubro de 2014

Delonga de inverno

As luzes se apagam,
Os postes ainda guardam
O laranja em suas
Lâmpadas.


A palavra para,
Repentina,
No susto.



escuro.



A democracia dorme
Na boca do sapo costurada
E visita, em sonhos,
Os velhos filósofos.



apagar.



Minha retina queima
Com o gás da polícia,
Minha voz é sufocada
No saco plástico
E meu medo vira espelho
Do meu próprio assombro.


Morreu o príncipe
E sua República.


Sobrevive a luz da
Rua,
Reticente,
Imutável,
Feito pessoa
Em devir.


Sobrevive a palavra
E a mente.
Sobrevive essa escuridão
E o presente.


o logo depois
é feito,
finalmente.





Natalia Iorio

Niterói, julho de 2014.