diante de tanta pressão,
ostentação e
prisão
nada me resta
a não ser
um rascunho de trovoada,
um pergaminho
de racionalidade,
um inquérito
de emancipação.
diante de tamanha
incoerência,
risca-se o fósforo
da violência,
caminha lento
o tanque de guerra
e
nada me resta
que uma caneta
de palavrórios,
um tinteiro de azul céu
ou pincel
para esmaltar teto
de favela.
diante dos tiros,
gases e bombas
varrendo em meses,
de discursos
sonolentos,
de antemão,
vagabundos
dos que nada sabem
nada me resta
que um rabiscar sem fim
pendido em anzol
de pescador
nada me resta
que o pavio curto
e
o iluminar
do toco de vela
para enxergar,
como os versos,
na escuridão.
Natalia Iorio
Rio, julho de 2014.