2 de julho de 2014

Cativeiro


                                                                                   Para Alan F. Paes e Alessandra Borges




Os pés tocaram o chão frio
feito uma porcelana morta,
próprios pés gélidos
de coisa morta.


Nossos lábios tocaram
o assobio de um clarinete,
uma dança orquestrada
num réquiem.


Meu corpo misturou-se
ao azulejo do banheiro
e o seu beijo escorreu
pelo ralo do jardim.


Nossos pés tocaram
o chão em túmulo,
o escuro devorou a réstia
de luz do entardecer.


A longa esperança quebrada
e o desejo de uma vida sanguínea
caída, feita anjo,
no nada.





Natalia Iorio

São Paulo, julho de 2014.

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