Os pés tocaram o chão frio
feito uma porcelana morta,
próprios pés gélidos
de coisa morta.
Nossos lábios tocaram
o assobio de um clarinete,
uma dança orquestrada
num réquiem.
Meu corpo misturou-se
ao azulejo do banheiro
e o seu beijo escorreu
pelo ralo do jardim.
Nossos pés tocaram
o chão em túmulo,
o escuro devorou a réstia
de luz do entardecer.
A longa esperança quebrada
e o desejo de uma vida sanguínea
caída, feita anjo,
no nada.
Natalia Iorio
São Paulo, julho de 2014.
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