23 de junho de 2014

Presente

E foi noite
de lembrança de criança,
de ver estrela no céu,
comer arroz doce de vó,
suspirar.


Foi madrugada escura,
de aparecer coração de Escorpião
na abobada celeste
e fim de Cruzeiro do Sul.


Foi breu
na ponta do coqueiro,
no canto do morcego
e no barulho do mato.


Foi de um futuro meio passado,
feito anzol de pescador
e baralho de vidente.


Foi-se
uma noite fria.



Natalia Iorio

Franca, junho de 2014.

10 de junho de 2014

Abençoada



E é foda
Quando sabem
Que teu amor
Está debaixo do
Capeta
Serve de tapete
Pra santa
E é o réquiem
Dos mortos


É foda
A foda
Em licor
Feito água
Que apaga na areia
Transborda no mar
Vira nota de
Trompete


É foda


Consentir





Natalia Iorio

Rio, junho de 2014

6 de junho de 2014

Cenário



Para Marcela Andrade



Luzes escuras,
Feixes azuis,
Taça...
Vinho...


Da janela,
O jazz sumia.


Prédios,
Janelas,
Corações.


Eles nem ouviam...
Os outros...


O que a cidade
Escutava?


Vou saber?
Eu não!


Somente
o
coração,
sozinho,
tresloucado
e
calado.





Ouvia.






Natalia Iorio

Rio, junho de 2014.