29 de maio de 2014

Corrida

Manhã fria,
inverno como um almoço
sem conversa,
irrompeu em angústia
dantes, anunciada.


Acordei-te com um beijo em pétala de flor,
fazendo sonho meu
cantar nas cordas
do violão empoeirado.


Dos seus olhos ressentidos
pela claridade do dia,
mandei-te até a janela,
e pedi que olhasse o céu!


Como Cartola fez,
certa vez comigo,
embrenhei-te numa corrida pela cidade:
Olhe o céu, amor!


Teu sorriso rasgou-te a face,
corrompeu meu coração.


Mesmo de dia,
eu via estrelas naquele céu.




Natalia Iorio

Rio, maio de 2014.

28 de maio de 2014

Derradeira

Da madrugada estranha
Veio a chuva acatada,
Correndo na estrada
E molhando a soleira da porta.


Pingou no coqueiro,
Assustou o moço,
Trovoou no cemitério
E acabou num desassossego.


Chuva irrequieta!
Uma pura vontade!


Vontade da janela aberta,
Do sorriso solto da amiga,
Da cadeira que balança.
Vontade boba!


Vontade passa!

Como essa chuva à toa...



Natalia Iorio

Rio, maio de 2014.



22 de maio de 2014

Cinelândia



Te procurei pela cidade,
olhei nas paredes dos prédios,
nas ruas de paralelepípedos,
no calor que se avolumava com o fim do trabalho.


Esperei que a cerveja me desse um sorriso,
que eu pudesse te assobiar
para lhe chamar até a minha mesa do bar.


Te procurei nos cantos...
te olhei na minha memória...
era tudo belo e quente...


Como a lágrima,
a rua
e essa cidade.




Natalia Iorio

Rio, maio de 2014.