8 de julho de 2013

As coisas de Sofia


Sentia saudades de não sei o que.


A coitada da Sofia vivia pelos cantos,
suspirando e se lamentando.
Quando dava de olhar a copa das árvores
gastava todo seu dia nisso.
Ou dava de cutucar a cutícula das unhas
até se impacientar com seu tédio.
Sua vida parecia mais uma rua sem saída,
dessas feitas com paralelepípedos
e ladeadas de casas descascadas.


Sofia gostava de andar descalça,
de deitar no chão gelado,
de quebrar o copo de plástico em tirinhas.
Havia dias, que a coitada da Sofia,
não cabia dentro de si
tamanha era sua tristeza.
Quando atinava de chorar e gemer para as paredes,
os vizinhos já sabiam que nada podiam fazer.


Sofia continuava numa lentidão irrequieta
até que seus dedos ruídos pudessem apontar
para as primeiras estrelas que aparecia no céu da noite.


Sofia, então, já estava feliz.



Natalia Iorio

07/03/2012 – 16:37

5 de julho de 2013

Joana



gostava de almoçar tomando cerveja,
gingava a saia por qualquer batuque,
dava bom dia a quem quisesse.


Ela amava o porteiro de seu apartamento
e fumava cigarrilha de baunilha
enquanto lia Manuel Bandeira.


Saia na madrugada
brilhando com as estrelas,
cantava pra todo mundo.


Mas, chutava a noite
e, da última garrafa do bar,
jogava flores à lua,
chorava até dormir.


Joana,
tinha medo dos alvoreceres.






Natalia Iorio