A lua se escondeu na noite clara
feito pingente de moça bonita
e iluminou o céu com um sorriso torto.
E na cidade algumas ruas sumiam
com os homens engravatados;
outros, de camisa frouxa,
se ajoelhavam perante a mesa de bar
com a ilusão espontânea da cerveja gelada
e dum amor perdido.
E, de repente, o ar se embala,
dum perfume doce e mais que conhecido,
o perfume da colônia de água fresca,
que mistura-se as portas altas dos sobrados antigos,
deita-se no ladrilho da calçada
e acalma o coração da tristeza.
E da água fresca chega a madrugada festeira
trazendo a cachaça de seu Zé;
aquele que vem do morro
vestindo seu terno branco
e batucando a aba do chapéu
que se ritma em samba.
E quando a polícia enfim, chega no bar,
o malandro já fez tudo:
sapateou todo salão,
abençoou a lua
e raptou a moça bonita.
Natalia Iorio
Rio, 9 de dezembro de 2013.