8 de junho de 2013

Devagar

Eu quis ler Vinícius andando pela calçada,
assistir um eclipse no parque,
tirar a areia da canela.


Quis cantar uma melodia sozinha na rua,
recitar o verso dum amigo da janela de casa,
ouvir Chico do vizinho.


Eu quis a cerveja do boteco do bairro,
de dançar à sombra da lua,
de acender a luz do poste.


Quis ver as sombras das árvores,
do garoto bronzeado correndo,
dos ladrilhos do meio fio se confundir com o corpo do mendigo.


Eu quis tomar um café com o amante,
de dizer bom dia à minha mãe,
de comprar uma flor ao meu pai.


Quis acordar pelo apito do portão,
ver os trabalhadores caminhando,
de poder dizer a verdade.


Eu quis ...
Viver tão assim.




Natalia Iorio
Rio, 08 de junho de 2013

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