Dois pratos brancos.
Arroz e frango frito.
Frango ossado.
Dois pratos sendo comidos.
Um garfo, uma olhada relutante.
Displicente.
Com uma camiseta laranja desbotada,
a calcinha frouxa,
as pernas nuas com os pés apoiados
em sua cadeira.
Você tinha os cabelos meio bagunçados,
nu.
E comíamos com uma raiva vestida de
silêncio.
O vagar dos talheres e dos goles d’água que
tomávamos.
Um soco. Como socos.
O ponteiro do relógio de parede encardido
batia forte na tinta da cozinha.
Eu retalhava meu frango duro,
não era uma manhã para se comer
com delicadeza.
Cortei-o com tanta aspereza
que ele caiu no chão
de lajotas beges.
Te olhei. Engoli o que restava na boca.
Tomei o resto da água quente.
O frango ficou no chão.
NathalyaG – 30/03/2012 – 21:59