Rebobinei o tempo.
O avião retornou no azul sem graça do céu,
os carros e as avenidas inverteram seus lugares,
a cor, imperceptível, descreveu ondas de calor na atmosfera.
Rebobinei as manchetes.
Deixei as imagens passarem,
minha consciência perder-se em ondas de fumaça
do cachimbo de minha amiga.
Rebobinei o fluxo sangüíneo.
Queria mesmo que ela fosse minha amante.
Prender meus compridos cabelos
num laço suicida.
Rebobinei.
A fita do meu cérebro.
Enrolei meus órgãos num saco de plástico com sujeira no fundo
E pendurei numa árvore.
Rebobinei.
Sonhei que andava entre as crateras da lua.
Imaginei que segurava as mãos dos viadutos.
Recolhi os frutos viscerais de minha árvore.
Tratei de descolorir o passado do tempo que voltei.
Voltei.
Rebobinei.
NathalyaG – 23/03/2012 – 09:43
Nenhum comentário:
Postar um comentário