28 de março de 2012

Sono

Uma luz cadavérica,

laranja-cidade,

incendiava a rua deserta.

A chuva seca no asfalto

fazia brilhar a escuridão.

E brilhou. No esqueleto de prédios.

como uma abelha,

uma mosca morta,

as casas zuniam embevecidas de sono.


De tanto barulho e luz,

a metrópole, enfim,

adormeceu.


Foram tantos faróis avermelhados,

semáforos que iam e vinham na lentidão do trânsito,

gotas de chuva que transbordavam nos bueiros entupidos,

a cerveja e o churrasquinho no bar da esquina para as bocas esfomeadas

de tanta espera.


Dormiu a São Paulo lotada.

Pegou no sono na hora de sempre.

Deixou a luz laranja de vigília pelas ruas.


Adormeceu.

Seus transeuntes, no entanto,

continuavam em

reticente insônia.

NathalyaG – 27/03/2012 – 23:54

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