Acordar.
Acordar tão estranhamente.
Acordar no meio da noite para pensar
Tendo você ao meu lado.
O lado do qual não poderia estar.
Tomei o café na manhã que esfriava.
Tomei o café puro e sem gosto.
Estava amargo.
Mas eu não ligava,
Parecia mais comigo daquele jeito.
Olhei-o de esguelha e vi faíscas de vazio ressonar.
Peguei outro café e pousei ao seu lado,
Em meu criado mudo.
Deveria dar-te aquele café meu sem gosto,
Deveria dar-me sem gosto a você.
Toda sem sabor.
Colocaria o casaco,
O cachecol e os óculos.
Miopia.
Nem ao menos podia enxergar a borda da xícara,
Nem enxergava seu corpo se movimentando.
Deixei que esfriasse.
É. O café esfriaria como as manhãs.
Mas deixaria a fina camada de pó seco,
A pequena cor no nada,
Assim como o sol dos invernos.
NathalyaG – 29/03/2012 – 11:12
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