29 de março de 2012

Café

Acordar.

Acordar tão estranhamente.

Acordar no meio da noite para pensar

Tendo você ao meu lado.

O lado do qual não poderia estar.


Tomei o café na manhã que esfriava.

Tomei o café puro e sem gosto.

Estava amargo.

Mas eu não ligava,

Parecia mais comigo daquele jeito.


Olhei-o de esguelha e vi faíscas de vazio ressonar.

Peguei outro café e pousei ao seu lado,

Em meu criado mudo.

Deveria dar-te aquele café meu sem gosto,

Deveria dar-me sem gosto a você.


Toda sem sabor.

Colocaria o casaco,

O cachecol e os óculos.

Miopia.

Nem ao menos podia enxergar a borda da xícara,

Nem enxergava seu corpo se movimentando.


Deixei que esfriasse.

É. O café esfriaria como as manhãs.

Mas deixaria a fina camada de pó seco,

A pequena cor no nada,

Assim como o sol dos invernos.


NathalyaG – 29/03/2012 – 11:12

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