Foi num domingo.
Um claro domingo de março,
Daqueles em que o sol
Entra pelas vidraças das janelas
Empoeiradas e traça
Uma linda silhueta difusa
No chão de madeira.
Era um domingo.
Um domingo de Paulista França.
Por qual motivo seria que minha
Voz ficava tão bonita em francês?
Mais bonita ainda quando tocada em seu antigo rádio
Que ficava numa quadrada cômoda
Ao lado da parede que fugia do sol.
Seria um cálido domingo
De se falar em francês.
Falaria até falar-me para parar com criancices,
Para então, começar a dançar.
Dançaria até arranhar
Todo seu soalho lustroso.
Abraçaria-te com um sorriso
Preso às fitas de cetim em meu cabelo;
Mas você me soltaria embriagado
De aborrecimentos.
Acabaria sentado em seu sofá puído,
Vendo os riscos no chão.
Um chão desbotado pelo sol que se esconde
Com o fim do dia.
Se esconde com a rouquidão
De meu francês
Que tanto cansei de lhe
Cantar.
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