16 de setembro de 2013

Setembro

Caiu a chuva
que eriçou o rabo do gato
enquanto cruzava a rua


Caía a chuva lenta
pesada como o verão evaporado
e de chá esfriado


Cai a chuva muda,
silenciada como em
Charles Chaplin

Choveu muda
a noite finda.


Natalia Iorio

1 de setembro de 2013

Barra Funda

A lua resplandecia
por detrás dos
edifícios.


Algumas luzes dos faróis,
desajeitadas, ofuscavam os olhos
de quem caminhasse pela calçada quebrada.


Árvores turvas e nuas
espiavam o contraste
dos namorados na janela.


Um garoto beijou
seu cachorro
de coleira curta.


O trem insinuante,
zumbiu em silêncio
na linha férrea.



Tudo foi pouco
visto pelos passos apressados
duma sombra.


Já era muito
o pensamento que pendia
na rua como uma flor.


Diluiu a noite quente
como um enfeite
de breu.



Era, enfim,
uma madrugada
clara.




Natalia Iorio

Brás, 30 de agosto de 2013.