Os caras do mundo pairavam sob a cidade:
rostos de rugas enegrecidas,
peles queimadas de sóis de meio dia,
expressos em olhos de lua minguante.
Os rostos do mundo são páginas de listas telefônicas:
caras que se empurram no trem,
perdem-se pelos trajetos de sempre
e voltam por caminhos de dias habituais.
As peles do mundo são feitas de guarda-chuva:
piam como corujas afugentadas do temporal
e morrem em suas
camas
pelo trabalho ou pelo estômago vazio
As expressões do mundo são cemitérios de não enterrados:
caudaloso rio de destinos sem escolhas,
de livres arbítrios cansados
em que se mortifica e amotina a vida cotidiana.
Natalia Iorio
21/05/2013