14 de julho de 2012

O gavião


O gavião andou pelos ares com suas asas abertas feito duas tábuas negras. 

Voou pelo vento forte do meio dia e, como num suspiro calmo, parecia ser feito de nuvem.

Não tinha peso nem corpo, seus nervos e músculos, assim como suas garras e bico, pareciam feitos a levitar. Como num sussurro que a terra dá antes de uma tempestade, aquele gavião deixou-se cair na maré dos ventos.

Esticou seus membros, levantou sua cabeça e plainou conforme o redemoinho dos céus, dançou feito folha de papel, sem matéria nem dor.

E como numa chuva de verão, riscou o céu com sua cor, brandiu no ar seu canto e foi ao longe, erguido como uma vela dum navio, perder-se no horizonte da imensidão até virar um nada como o azul e o branco daquele universo.

Voou sozinho feito folha seca, pingo caído e oração rogada.

Lá com ele, fui eu.





NathalyaG – 12/07/2012 – 13:12 – Franca - SP

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