7 de setembro de 2011

Desconexões

O dia da pátria, numa analogia simplista, não tinha o céu, o verde e o sol de nossa querida bandeira. O céu, assim como o sol, aparecera naquela manhã como uma névoa clara, imprimindo uma sonolência maior a quem quisesse pensar em sair de casa. Não havia, tampouco, aquele verde-bandeira – com o perdão do trocadilho – nas árvores, pois os ventos gelados do inverno teimavam em não se dissipar.


Em algum lugar nas principais capitais do país acontecia uma manifestação nacional contra a corrupção, os “novos caras pintadas” que usariam tintas nos rostos com cores bem mais vistosas do que o própria clima teimava em me mostrar pela janela do trem. Poderia estar na manifestação, mas fui avisada de última hora. Decidi, então, por andar pelos vagões vazios da CPTM até a cidade vizinha para assistir a uma comédia romântica, que de quebra é brasileira.


Fui sozinha. Gosto de ir ao cinema sozinha, já que nenhuma companhia parecia querer assistir ao tal filme ou se desprender de um dia de folga para colocar as obrigações em dia. É... Na minha cidade também não tem cinema; ou nos deslocamos para outros lugares ou esperamos o filme chegar até as prateleiras de uma locadora ou nas mãos do ambulante que fica perto da rodoviária.


“O Homem do Futuro” foi o filme escolhido, dirigido por Cláudio Torres. Ao contrário do que os fuxicos dizem por aí é um filme bom, divertido e que te prende até o fim, com uma direção agradável e atuações que não dispensam risos constantes. Fica a dica para o fim de feriado e para o fim de semana que se aproxima mais rápido que o habitual.


Nesses dias de pátria amada me sinto fortemente inclinada aos desejos de inspiração a escrever e nem me dou por conta que, quase instintivamente, escolhi uma blusa verde para vestir, justo no dia do nosso Brasil.


Termino por juntar todos esses parágrafos desconexos que construí acima: num feriado que decreta a liberdade de nossa querida aristocracia – perdão! – democracia, lembro-me de uma peça teatral que assisti semana passada, “A casa amarela” com Gero Camilo, que em meio ao seu monólogo, o hino nacional era cantado por uma voz feminina. Essa voz com forte sotaque nordestino que, agora, avizinha os meus pensamentos, encantava as carrancas de todos aqueles sentados à minha frente no trem, ia ao ritmo dos passos no shopping lotado e dançava no vento junto com a bandeira verde e amarela que sorri hasteada ao sol sem graça do 7 de setembro de 2011. Aquela voz que diz: “dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil.”.

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