3 de setembro de 2011

Encenação

Você é a minha prisão,

É você a calma em alma,

A cama de espinhos,

A cura de lama.


Os olhos negros

Que não podem ser vistos,

Que no escuro me abraça,

Estão vocês amotinados,

Amotinados que cantam em silêncio

O coro dos sentidos.


E eu que imploro para o chão,

Que lamento para o ar,

Nessa atmosfera densa de vazio,

Nessa âncora que nos carrega.


Afundá-nos no tablado,

Na luz amarela,

Dura como a espada que me desafia,

Fina como a lágrima que me perfura,

Calma como o calor que me socorre.


Você trás a vela que acende a cortina,

O aplauso que derrete a máscara,

A máscara que cola na pele,

Nesse rosto que derrama cor.


Você me faz suplicar,

Suplicar pelo vazio da plateia,

Pela mais alta estrela,

Que me fura com sua luz;

A estrela que em seus feixes

Arranha-me, mata-me.


O azul que escraviza as nuvens,

Presas na moleza do meio-dia.

É você, você que me faz gritar,

Curvar-me em minha própria silhueta,

Desenhando em mim sombras.

Sombras de pensamento,

Sombras de solitude,

Sombras de amor congelado.


É você em mim,

Que descalços nessa madeira fria,

Transformamos-nos no momento,

Quebramos-nos em versos,

Que nos cria no palco.

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