2 de outubro de 2010

Aperte a tecla CONFIRMA

Diversas são as cores do Brasil: verde, amarelo, azul, branco, preto, lilás, laranja, vermelho, entre outras. Muitas características possuem o povo brasileiro: caucasianos, pardos, pretos, indígenas, altos, baixos, medianos, de cabelo liso, encaracolado, crespo, de olhos puxados, olhos grandes e pequenos. E muitas são as opiniões. Nesse emaranhado de pássaros, estrelas, ecologia e discursos ensolarados chegamos ao dia da eleição, depois de meses de campanha eleitoral, de risos de deboche de certos candidatos e de fé em outros.


No decorrer dessa semana me deparei diante de muitas frases, exaltações e palavrões. Com a eleição cada vez mais próxima os ânimos se exaltaram enormemente: uns bradavam ferozes sobre as vantagens dos candidatos afins, outros se preocupavam em fazer o colega desistir de seu voto e votar em outra pessoa, alguns reclamavam e falavam mal uns dos outros e, uma pequena grande parcela dessa população descrita, irritava-se com a palavra política e se tomava como neutro e odioso dessa prática tão humana que é a opinião pública e política.


Deixando o despotismo e a tirania de alguns de lado, é importante tomarmos consciência do nosso dúbio caráter humano; ou seja, temos o nosso lado passional e individual, de aspirações e desejos particulares e, um outro lado político (sim é essa a palavra realmente que nos distingue como homem em uma sociedade). O nosso lado cidadão e político deve ter em mente as responsabilidades mútuas e comuns que temos uns com os outros, temos que entender dos nossos atos como reflexo do todo, do geral e mais, temos que começar a agir nas medidas necessárias e possíveis dentro de nossos termos e lares.


Sobre as frases surpreendentes que escutei durante a semana, aí estão algumas: “o povo é ignorante, um bando de gente que não pensa e dá nisso que está o Brasil”, “eu estou me mantendo neutro nisso, só voto porque sou obrigado”, “vou ser fiscal no dia da eleição, mas não vou denunciar se ver meu partido fazendo boca de urna, não”, “vou procurar saber se esse ano terá boca de urna, assim ganho uns trocados”. São sentenças que se não forem ignorantes, são horripilantes. Daria uma boa manchete de jornal como o novo escândalo da população brasileira, a nova corrupção no Senado do cotidiano, propinas e reais sujos e injustos na carteira de cada cidadão que pensa que a responsabilidade e o destino do Brasil estão apenas nas mãos do presidente, dos senadores, deputados, prefeitos e vereadores dessa nação gigante.


É interessante verificar a desonra e falta de garantia que certas pessoas tem consigo mesmas ao dizer que todos os outros são corruptos e, nem ao menos, olhar para o seu rastro enlameado que deixa quando anda pelas calçadas. Não quero ser nenhuma demagoga e de falsa aparência, só afirmo que não é justo reclamarmos de algo quando nós mesmos fazemos aquilo, mesmo que afete muito menos pessoas do que quando o presidente aumenta os preços dos alimentos, por exemplo. Digo que as ações se assemelham e, por fim, são as mesmas. A quantidade pode ser diferente, mas a essência é a mesma: roubo, mentira, injustiça são as mesmas palavras e atitudes, independente do contexto e do número de pessoas afetadas.


É importante assumirmos de uma vez por todas as nossas responsabilidades e o nosso poder diante da sociedade, diante de nossos familiares e diante dos nossos políticos e, também, não nos esquecermos de que temos todo o direito de reclamar e de nos injuriar com os nossos representantes; afinal, não moramos numa nação encantada de direito e justiça e muito menos nos abrigamos sob uma pátria acolhedora de saúde, alimentação e habitação dignas de seres sociais. Novamente, não estou aqui defendendo um lado mais que o outro e sei também, um pouco da situação dos quatro cantos do Brasil, mas quero alertar para a nossa dupla jornada de sermos cidadãos, em que de um lado cumprimos com o nosso dever de respeitar as leis e eles, lá do Olimpo do senado, olhem por nós com a mesma responsabilidade de estarem abaixo das leis como nós e, com a suma ocupação de zelar pelo nosso bem comum e pela garantia de nossas vidas.


No início dessa semana o jornal O Estado de São Paulo divulgou em editorial sobre sua não neutralidade em confirmar apoio à campanha do candidato José Serra. Foi curiosa e coerente a atitude do jornal, após inúmeras críticas que Lula vinha fazendo a imprensa e, demonstra a iniciativa e, de certo modo, a transparência que o Estadão teve com seus leitores. Ao dizer que adquire uma opção, que defende um lado, os jornalistas e colunistas se responsabilizaram de uma vez com as suas opiniões, tomando partido e o partido. Tal postura deveria ser adotada por todos os meios de comunicação que visam a uma falsa neutralidade que não existe em qualquer lugar desse mundo. Sempre estamos de um lado e não de outro e o meio disso tudo só diz respeito a uma coisa: indecisão, falta de opinião e de participação.


Amanhã, quando formos votar, que tomemos a decisão não imparcial, que assumamos nossas responsabilidades e opiniões e que consigamos afastar todos os mosquitos de incoerência, injustiça e corrupção mental e de caráter de nossos caminhos.

Num Brasil de tucanos, sustentabilidade e estrelas, a política toma uma cor vibrante e se molda pela fé de quem as faz. É no acreditar e no aceitar o nosso país de hoje que poderemos construir algo do futuro e não apenas resmungando e conspirando contra o juízo legislativo que molda nosso caráter social e moral de cidadãos brasileiros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário