2 de julho de 2010

E por que chá com inércia?

Inércia, por termos newtonianos, é definida como: “um corpo em repouso permanece em repouso a menos que sobre ele atue uma força externa. Um objeto em movimento desloca-se com velocidade constante, a menos que sobre ele atue uma força externa”; ou seja, inércia é a tendência que corpos têm de se manter ou em repouso ou em movimento.

Da mesma forma que a inércia é na Física, assim é sobre os atos de toda uma sociedade em sua coletividade e em sua individualidade também. O homem e todo o seu conjunto social não consegue viver se não estiver em seu encalço interações entre os sujeitos sociais; não há manifestações de arte, trabalho, linguagem, conhecimento sem a livre e ininterrupta coligação de indivíduos com indivíduos, sociedades com sociedades e indivíduos com sociedades.


Se a inércia determina a permanência de certo movimento em um corpo, o homem também age assim; se não for persuadido a agir ou a não agir de certa forma, isso se deve ao mecanismo de ligação que existe entre uns e outros dentro de uma esfera política e social.

Se a constante ruptura da inércia que o homem vive, seja por movimentá-lo ou fazê-lo mudar de repouso dentro de uma situação, constituem todo o mundo criado ao seu redor, a ausência dessa mecânica social e biológica, esgotaria todo o processo criativo humano: a política não existiria (e uso o termo política não como ação sinonímia a corrupção, mas sim como interpretações e cooperações entre homens dentro de uma comunidade regida por leis e normas aceitas em conjunto e desempenhada por todos), as casas em que nos abrigamos não existiriam também, nem mesmo os computadores, a nossa língua, e a nossa consciência.


Dessa forma, a criação do homem dotado de sapiência é devido ao reconhecimento de si como ser dependente de outros para a própria sobrevivência de um e de todos e mais, é o reconhecimento que o homem tem de si mesmo como ser criativo e modificador do meio em que vive e se manifesta.

E nada mais válido do que tomar um chá com uma dose certa de inércia para se discutir temas que nos ligam ao mundo de uma forma diferente e, por ora, silencioso e desolador. Talvez as reflexões se depositem num sentido de uma não-inercia que somos persuadidos a viver cotidianamente, de forma que a todo momento somos impelidos a não permanecermos num mundo de inércia, de um mesmo movimento sem atualizações ou numa estática sem fim.


Eu lhe convido então para tomarmos um chá com inércia e a discutir temas conflituosos do próprio espírito humano e temas, também, do nosso próprio caminhar no mundo.

5 comentários:

  1. AMEI!!! Física e Sociais... vamos ver no que isso vai dar!!! Estou acompanhando...
    (Comentei primeiro que o Geovanii? ahahahahah)

    ResponderExcluir
  2. A inércia é a tendência de um corpo continuar no seu estado, caso não sofre uma ação externa, uma força, por exemplo.
    No caso social, pode ser político, há uma inércia social? seria interessante pensar nas transformações sociais de todas as naturezas, como as inovações tecnológicas, surgiram a partir de uma necessidade, ou será que não?
    Pode-se partir da questão que o homem é uma mistura do cultural e do natural, e que seu processo evolutivo é uma consequencia destes dois aspectos, e o processo evolutivo e criativo seria uma consequência de estímulos externos. Isto seria um estímulo para sair da inérica social?

    ResponderExcluir
  3. como você aplicaria o conceito de inércia às RI? qual seria a força que move os Estados? ou os Estados afzem força pra ficarem no estado de inércia? qual o estado do Estado?

    E como é chá com inércia, prepara-se em infusão ou é um "ice tea"?

    beijos,
    anônimo mas onipresente

    ResponderExcluir
  4. Na física existe a necessidade de uma força externa,
    para que entao um corpo saia dessa inércia, mas numa sociedade,
    existem rupturas, existem revoluções, para a mudança.
    Quais são as forças atuantes nessas situações,
    que leva e causa essa ruptura, essa mudança?
    Pra Schopenhauer, seria a vontade humana, no sentido geral
    sem levarmos em conta, razões economicas, religiosas.
    Sendo assim, podemos considerar o homem como inerte, negligente,
    com relação a essa sociedade, ou a mudança só ocorre quando
    nos é conveniente? Ou somos naturalmente maus?

    Apreciemos o chá...

    ResponderExcluir