Não dei descarga ao sair do banheiro,
Não abotoei o último botão da camisa,
Não comi de boca fechada,
Não falei baixo.
Eu gritei.
Não deixei de fumar o cigarro quando vi a placa de proibido,
Não suspendi o último gole de cerveja,
Não rejeitei o sexo da noite sem fim,
Não parei de andar pelas ruas de madrugada.
Eu fui.
Abri a janela,
Andei todas as avenidas,
Escrevi todas as poesias,
Rasguei minhas roupas.
Fiquei nua.
Li os segredos,
Contei os interditos,
Tatuei meu corpo com o crime,
Enchi-me da “monstruosidade” revolucionária.
Enxerguei a saída.
Fiz fogo dos meus cabelos,
Congelei os temores na parede,
Derreti meus grilhões,
Fiz o vento lavar as lágrimas.
Eu gritei.
Eu grito.
Grito na praça,
Na rua,
No banheiro,
No céu,
No Inferno!
Eu grito com a marca de fogo em meus
Calcanhares,
Punhos,
Pescoço.
Grito as prisões,
Interiores,
De esgoto,
De almas,
De infelizes felizes.
Grito o vento que levou meu pranto,
Fez monumento indestrutível,
Fez edifício a coragem,
O cenho forte,
A mente liberta.
Eu grito.
Os temores nas paredes da cidade,
A violência em perspectiva
Pelos transeuntes,
Pelas leis,
Nos olhos,
Nas palavras.
Eu grito.
O silêncio,
Do silêncio,
Pelo silêncio.
O calar
Dos bancos,
Dos gabinetes,
Das universidades,
Da polícia,
Dos shoppings,
Das pessoas.
Eu grito
e
Grito.
Gritarei constantemente
Até que a rouquidão de minha voz
Crie um
Calo
Feito a árvore de novas avenidas
E edifícios,
De paredes e casas,
De flores e amores.
Eu grito.
Gritem todos.
Gritai-vos.
O grito
Dos condenados.
NathalyaG – 04/05/2012 – 19:55
*Publicado, também, em Jornal e Revista Página em Branco. Disponível em:
*Publicado, também, em Jornal e Revista Página em Branco. Disponível em:
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