Somos um sertão.
Isto aqui é um sertão!
Um deserto de viadutos em aço espelhado,
de ruas sem fluxo nenhum,
carros e rostos em diversidade,
a mais pura diversão.
Somos o sertão.
Isto aqui é o que somos!
Uma viagem de reflexos em poças de chuva
dos temporais mentais que rolam pela calçada,
com pingos de excremento,
Tubos, acordes, corações.
É um sertão.
Isto é aquilo que vive em mim!
Um andar cambaleado,
baleado da bala do outro,
capaz de cantar e dançar
como uma estátua movediça.
Somos um sertão.
Isto aqui é um sertão!
Um deserto.
Deserto de mares brancos
e pretos,
uma Aquarela cinzenta.
Somos um deserto.
O deserto
que como o sol em lâmina oblíqua
reparte o pensamento em praia e areia.
Somos um deserto de pássaros coloridos,
pernas transparentes,
cadarços desabrigados;
possuímos a comida tirada das latas dos cachorros,
roída pelos ratos,
vomitadas pela inconsciência da noite que não dorme.
Somos o sertão.
Um deserto de desajuizados
reformados em formas de cera líquida
escorrendo nos gritos das vigas,
Vidas,
em silêncio.
Somos o sertão.
Um deserto de flores e sóis,
calar cálidos e acalentados nas nuvens,
um Pássaro-Mulher,
um Homem-Anil.
Somos o deserto.
O sertão.
Aquele ser, em ser, ser-se em
C â m e r a l e n t a .
NathalyaG – 24/05/2012 – 15:04
Todos têm um sertâo. Quando não, é um sertâo. Bem lembrado.
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