1 de junho de 2012

Saudade



À Meiri Bertagnon

O tempo que voltou
sem ter voltado.
Voltou naquela foto guardada,
no cheiro parado do armário,
no relógio quebrado do criado-mudo.

E se o tempo voltou
e voltasse,
voltar a volver
como um lençol estendido
nas camas mornas da manhã,
na porcelana azul-claro da cozinha,
na chaleira zunindo fina no domingo.

Mas o tempo não passou,
ficou.
Ficou estampado na parede amarela
e nos sorrisos correndo pela sala.
Ficou e ficará.

E o tempo sempre passará
como um suco gelado,
um batom vermelho na boca antiga,
uma roupa marcada pela espera.



NathalyaG – 01/06/2012 – 12:33

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