8 de abril de 2012

Morrer de olhos fechados

Morrerei.

Estirada no carpete

empoeirado de casa

enquanto as garrafas de conhaque

continuam

pela metade.

Morrerei.

Com a comida requentada.

Sempre gostei de coisas

requentadas.

Vou morrer.

Como a minha tristeza

marcada nas primeiras páginas

de um livro,

num saco de frutas

que sua ao calor do outono.

Morrerei.

como a rodinha cambeta

da maca do hospital

ou como a agulha arranhada,

não esterilizada.

Ainda não morri.

Preciso amassar a barra da calça

naquele chão úmido de banheiro

público;

arrancar a cutícula

que descolou da unha.

Morrerei no fim,

certa de que seja o fim

certo.

Morrerei

como se morre

de olhos fechados.



NathalyaG – 08/04/2012 – 14:45

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